sexta-feira, 31 de agosto de 2007

AGENDA da Pastoral Vocacional

OUTUBRO
Durante todos os finais de semana deste mês faremos ANIMAÇÃO VOCACIONAL na paróquia Imaculada Conceição de Teixeira Soares
07/10 – Encontro com Coordenadores de COROINHAS em Imbituva
13/10 – Encontro do SAV Diocesano as 14h no Espaço Cultural Sant’Ana (Prédio da Rádio Sant’Ana)
20/10 – Retiro para CRISMANDOS da Par. Sant’Ana de Castro no Cenáculo Cavanis
20/10 – Encontro com Zeladores(as) de CAPELINHAS na Par. Sr. Menino Deus em Piraí do Sul.
21/10 – Encontro com Zeladores(as) de CAPELINHAS na Par. Perpétuo Socorro de Castro.
21/10 – Encontro Diocesano para COROINHAS no Sem. Mãe de Deus em Irati. Promoção do Setor 7
27/10 – Retiro para CRISMANDOS da Par. N. S. Perp. Socorro – PG no Sem. Dioc. de Teol.
27/10 – Encontro Diocesano para Coordenadores Paroquiais do Movimento das CAPELINHAS em PG, as 14h (informe-se 3238-4230(Fábio) 3225-3429(Janescleo)
27/10 e 28/10 – ESTÁGIO VOCACIONAL para Seminário Menor no Sem. Mãe de Deus em Irati
31/10 – Formação para Zeladores(as) de CAPELINHAS na Par. Sto. Antonio de Ponta Grossa

NOVEMBRO
Durante todos os finais de semana deste mês faremos ANIMAÇÃO VOCACIONAL na paróquia São Sebastião de Ponta Grossa
10/11 – Encontro do SAV Diocesano as 14h no Espaço Cultural Sant’Ana
11/11 – Retiro para CRISMANDOS da Par. Perp. Soc. em Castro
11/11 – Encontro Diocesano para Coordenadores de COROINHAS na Catedral
17/11 – Encontro com Zeladores(as) de CAPELINHAS na Par. Imac. Conceição de Carambeí
18/11 – Retiro para CRISMANDOS da Par. Perp. Soc. em Castro
24/11 – Reunião da Coordenação do Movimento das CAPELINHAS as 14h
24/11 e 25/11 – ESTÁGIO VOCACIONAL para Propedêutico no Sem. Dioc. de Teologia em Ponta Grossa

DEZEMBRO
02/12 – Retiro com CRISMANDOS da Par. Imac. Conceição de Carambeí

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Discípulos e Missionários de Jesus Cristo - Formação o Movimento das Capelinhas (Fábio Sejanoski)

Discípulos e Missionários de Jesus Cristo

“Te estabeleci como luz das nações, a fim de que a minha salvação chegue até as extremidades da terra”. O que vemos no livro de Isaías, capítulo 49, versículo 6, parece nos orientar bem para entendermos e vivermos a dinâmica missionária em nossa vida de cristão. Deus escolhe a cada um de nós para ser LUZ. De quem? Das nações, isto é, de todos os povos, independentemente de onde e que seja. E ser luz não unicamente para mim, mas principalmente para aquele meu próximo, que simples aos meus olhos, no coração de Deus é grande, e por isso deve ser iluminado.
Quando falamos em missão, ser missionário, é fácil nos lembrarmos de um grande personagem da Sagrada Escritura que sem dúvida foi um dos maiores missionários de Cristo: Paulo, que traduzindo já o que o profeta Isaías anunciara há tempos, é enviado por Cristo “para abrir os olhos e fazer o povo voltar das trevas à luz” (cf At 26, 18).
Então não resta dúvida que ser missionário de Cristo hoje é ser luz, viver a luz, levar a luz... Como diz uma canção do Pe. Zezinho: “Por isso eu pus a minha luz, na luz imensa de Jesus (...) e depois disso eu já não temerei, não temerei, não temerei a escuridão, a escuridão! Jesus é minha Luz”.
Deus estabelece-te como Luz das Nações... Cristo envia para abrir os olhos e trazer o povo das trevas para a Luz... Mas nada disso acontecerá pela própria força... pela luz própria, pois não a temos... só temos o que recebemos... e só recebemos de Deus, portanto, “não eu, mas a graça de Deus está comigo” (1Cor 15, 9-10).
Cristo chama o homem para partilhar da sua própria vida. É! Ser Discípulo e Missionário de Jesus é anunciar com a própria vida, pois, se o discípulo é aquele que quer imitar o seu Mestre em tudo, e Cristo anunciou principalmente com gestos, com sua própria vida, então não são palavras que farão nossa missão... elas ajudarão, serão um auxílio mais que necessário, mas o fundamental é a vivência... o testemunho.
Eis o grande mandamento para todo nós: Ide a todo mundo, proclamai a Boa Nova a toda a criatura (Mc 16, 15). É muito claro, ir a todos, proclamar a todos. E isso vem totalmente em paralelo com uma passagem de 1Cor 9, 16 “Ai de mim se eu não anunciar o evangelho”. Sou batizado? Então sou Evangelizador! Sou Evangelizador? Então sou missionário! Sou missionário? Então posso ser Luz para as Nações!
Ser discípulo e missionário de Jesus Cristo significa levar-nos a uma renovação do compromisso batismal. Pais e padrinhos assumiram isso por nós, mas, o fato de renovarmos nossa fé todo domingo na celebração dominical nos diz o que somos: Igreja! E a Igreja é por natureza, missionária! O que o padre nos diz no final da celebração (Ide em paz e que o Senhor vos acompanhe!) quer dizer exatamente isso! A Igreja te envia em missão, te envia para que na sua vida do dia-a-dia você possa fazer continuar aquele encontro da Santa Missa. Sendo assim, o lugar da nossa evangelização começa pelo nosso próprio coração, depois em nossa própria casa e enfim em todos os lugares que vamos e com todas as pessoas que encontramos. Lembre-se que um olhar que você para alguém pode representar o olhar do próprio Cristo que acolhe, que ama, que quer que o outro alcance a plena felicidade.
Não podemos mais ficar de braços cruzados esperando as coisas acontecerem pos si só! Precisamos colocar a mão na massa e fazer a nossa parte para que a vivência plena do Reino de Deus entre nós aconteça e permaneça.
Jesus ainda faz outro convite: “Ide também vós para minha vinha” (Mt 20, 4) e o que significa isso? Significa que somos convidados a dilatar o Reino de Deus entre as nações, significa convidar o povo para o banquete – banquete que sacia nossa alma e contagia todo nosso corpo inspirando-nos para caminhar levando Cristo. Deus quer habitar em nossos corações e precisamos dar possibilidades para que isso aconteça... em nós e nos outros também.
Onde conseguirmos força pra tudo isso? Oração... pela oração vamos nos abastecer sempre. Rezar sobretudo para que tenhamos a cada dias mais muitas e santas vocações para a missão na Igreja. Vocação Sacerdotal, Vocação Religiosa, Vocação Leiga e Vocação Familiar, pois é de dentro da família que saem pessoas que responderão ao convite do Senhor. E a oração não virá sozinha... virá com o Espírito... Ele é quem vai nos encorajar... Vamos juntos construir uma Igreja em Ação.

Qual é a Espiritualidade do discípulo e missionário de Jesus Cristo?
- Ser o mensageiro de Jesus
: é levar a palavra certa na hora certa e pra pessoa certa... é levar não as minhas palavras mas as palavras do próprio Cristo. Ser mensageiro significa levar a Palavra, que é a própria Pessoa de Cristo;
- Ser o servo: jamais me vangloriar da missão que estou prestando! Lembre-se que o maior no Reino dos céus é aquele que serve! Jesus representou da melhor forma possível isto com o “lava pés”, e mais, nos convidou a fazer o mesmo;
- Realizar os planos de Deus: eu não vou ser discípulo e missionário de Cristo porque eu quero, mas sim porque Deus quer... é Ele que nos envia! Que façamos sempre não a nossa mas sim unicamente a vontade de Deus.
- Não anunciar mensagens humanas, mas o Mistério de Cristo: vamos anunciar o Mistério de Cristo, isto é, todas as maravilhosas ações de Deus em toda história. Mas não é um anúncio das coisas que aconteceram. É um anúncio das coisas que acontecem hoje, pois Deus continua atuando na história graças a Igreja.
Peçamos a intercessão de Santa Teresinha que é a padroeira das missões. Mesmo nunca tendo a oportunidade de ser missionária fora do seu próprio convento. Foi missionária ali mesmo onde estava! Isso é missão... onde estivermos... com quem estivermos... ser discípulos e Missionários de Jesus...
(Elaboração - Fábio Sejanoski)

domingo, 19 de agosto de 2007

Esp. Anim. Voc. - Primeira Palavra (Pe. Evandro)

A ESPIRITUALIDADE DO ANIMADOR VOCACIONAL
VIDA DE ORAÇÃO

1. Primeira Palavra

De início, vale lembrar que “a atividade vocacional requer coragem, persistência, resistência e muita perseverança. Muitas vezes os desafios e dificuldades são enormes. Animadores, animadoras, vocacionados e vocacionadas são tentados e muitos terminam desistindo. Por essa razão, hoje, mais do que nunca, sente-se a necessidade de uma espiritualidade vocacional, capaz de oferecer aos que estão em processo de discernimento e àquelas pessoas que os acompanham a graça e o ânimo para seguirem em frente.” (Texto Base do 2º Cong. Vocacional do Brasil, n. 116).

A reflexão sobre este tema que nos é proposto nos coloca diante do desafio de sermos muito sinceros. Dizemos desafio porque a sinceridade nos faz tomar consciência de situações e de atitudes que não correspondem muito aos nossos ideais ou aos ideais do Evangelho.
Se, por um lado, vemos tanta “busca de Deus”, tanto desejo de uma vida mais fraterna, mais humana e mais cristã; também é verdade que o ativismo, o mundo do descartável, a busca de emoções e soluções imediatas..., nos atingem de um modo bastante forte.
Não podemos negar que o pluralismo religioso tão presente e evidente em nossa sociedade exige um aprofundamento na nossa identidade cristã.

De um lado, percebemos tantas coisas positivas: reconhecimento das deficiências pessoais, valorização da alegria de viver, a autoconfiança, a vivência do evangelho e sua apresentação como Boa Nova alegre e libertadora, a valorização da experiência do Deus Vivo e da gratuidade do seu amor, a rejeição de uma espiritualidade fria e estéril, redescoberta das celebrações litúrgicas, uma espiritualidade marcada pela experiência da beleza, que supera o individualismo e que envolve a vida de cada dia da pessoa, o desenvolvimento do diálogo ecumênico e inter-religioso. (cf Pe Alfonso Garcia Rubio. In Temáticas do 2º Congresso Vocacional. CNNB. Coleção Estudos 90. p. 17)

Por outro lado, verificamos a tentação crescente do fundamentalismo (tradicionalismo); do relativismo religioso; do emocionalismo e irracionalismo (espiritualidade da emoção); e da falsa compreensão da liberdade. (Idem, p.16).

Diante do “Desejo de Deus”e do “fascínio do mundo”, como ser cristão hoje? Como evangelizar? Como apresentar a beleza da vocação para todos, também para aqueles que estão fora da vinha?
E mais, convém questionar: será que minha vida se fundamenta no Evangelho? Minha razão de ser cristão é Cristo? Jesus é o tesouro da minha existência?

Esp. Anim. Voc. - Jesus, o homem da Oração (Pe. Evandro)

2. Jesus, o homem da oração

Não podemos esquecer, quando falamos da vida espiritual do animador vocacional, de um aspecto bem particular: Jesus rezava! Seguir Jesus é, então, dar tempo para a oração.
“Nos momentos decisivos da sua vida, antes de agir, se retirava num lugar solitário para dedicar-se à oração e à contemplação, e pediu aos Apóstolos que também o fizessem. A seus discípulos, sem exceção, lembra-lhes: ‘Entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo’(Mt 6,6). Esta intensa vida de oração deve adaptar-se às capacidades e condições de cada cristão, para que cada um, nas distintas circunstancias da vida, possa saciar-se na fonte do seu encontro com Cristo, para embeber-se do único Espírito (cf 1Cor 12,13). Nesse sentido, a dimensão contemplativa não é privilegio reservado somente para uns poucos; pelo contrário, nas paróquias, nas comunidades e no âmbito dos movimentos, seja promovida uma espiritualidade aberta e orientada à contemplação das verdades fundamentais da fé: os mistérios da Trindade, da Encarnação do Verbo, da redenção dos homens, e as demais grandes obras salvíficas de Deus.”(Ecclesia in América, n. 29).

Um dos textos muito significativos para nós, animadores e animadoras vocacionais, é o de Lc 6,12-19, especialmente estes versículos: “Naqueles dias, Jesus retirou-se a uma montanha para rezar, e passou aí toda a noite orando a Deus. Ao amanhecer, chamou os seus discípulos e escolheu doze dente eles que chamou de apóstolos...” (vv. 12-13) .

O serviço vocacional é muito importante. Quem tem esta consciência, pede constantemente de Deus a graça de que necessita para bem desempenhar sua missão. Jesus fez assim, portanto, seus discípulos são chamados a imitá-lo.

Também no texto de Mateus, antes do chamado dos apóstolos, o evangelista nos apresenta Jesus a necessidade de rezar pelas vocações: “A messe é grande, mas os operários são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da messe que envie operários para sua messe”(Mt 9,38). Encontramos esta frase que nos convida à oração pelas vocações também em Lc 10,2.

Sendo assim, somos chamados a imitar Jesus que reza e a cumprir o seu pedido. Não tem como, então, ser um bom animador vocacional, sem a vida de oração.

Também nas horas mais difíceis da vida, Jesus foi rezar: no Getsêmani disse aos discípulos: “Assentai-vos aqui, enquanto eu vou ali orar”. Tomou consigo Pedro, Tiago e João, foi rezar. E depois disse: “Minha alma está triste até a morte. Ficai aqui e vigiai comigo.” Quando voltou para perto dos discípulos, os encontrou dormindo. Disse a Pedro: “Então não pudestes vigiar uma hora comigo... Vigiai e orai para não cairdes em tentação.” E por três vezes Jesus vai rezar e, na volta, encontra os seus discípulos dormindo (cf Mt 26,36-46. Também os textos paralelos nos indicam a mesma coisa).

Jesus pede que os seus discípulos “fiquem com ele”. Mas os discípulos fazem o que lhes é mais importante: “dormir”. Eles tinham dificuldade de ficar com Jesus. E nós? Será que os animadores vocacionais não encontram neste nosso tempo a mesma dificuldade?
Podemos colher dos evangelhos alguns elementos concretos para a nossa oração:
1. Rezar em segredo e não para ser visto pelos outros, como os hipócritas (Mt 6, 5-6)
2. Não multiplicar muitas palavras: Deus sabe o que precisamos (Mt 6,7)
3. Rezar o que Jesus ensinou: Pai Nosso (Lc 11,1-4 / Mt 6,9-13)
4. Insistir na oração (Lc 11, 5-13)

Esp. Anim. Voc. - Dizer, Fazer, Ser; e a Espiritualidade Cristã (Pe. Evandro)

3. Dizer, Fazer e Ser

No Evangelho (Mt 16,13-23), a experiência de Pedro também tantas vezes é ícone da nossa. Diante da pergunta: “E vós, quem dizeis que eu sou?”, Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus Vivo”. Por esta resposta Jesus o chamou de feliz e prometeu construir a Igreja sobre ele e lhe entregou as chaves do Reino. Pedro professa a fé em Jesus, diz o que tinha de dizer. Logo em seguida, Jesus mostra aos seus a realidade pela qual deveria passar: sofrimento, morte e ressurreição. Pedro, diante disso, repreende Jesus: “Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isto nunca te aconteça!” Jesus voltou-se para Pedro e disse: “Vai para longe, satanás! Tu és para mim uma pedra de tropeço, porque não pensas as coisas de Deus, mas, sim, as coisas dos homens!” Pedro não é capaz, ainda, de assumir a plenitude da revelação. Isso era custoso demais para o discípulo.

Apontamos este texto para apresentar um elemento bem concreto para nós, animadores vocacionais:

Como Pedro, tantas vezes dizemos coisas bonitas, verdadeiras e profundas. Muitas vezes somos capazes de apresentar idéias e apontar a realidade das coisas de uma forma surpreendente: “Tu és o Messias, o Filho do Deus Vivo!” Porém, na hora da verdade, da dor, da angústia, do assumir todas as conseqüências, somos tantas vezes incapazes. Parece que existe uma distância entre “dizer” e “assumir”.

No serviço vocacional não basta “dizer”, é preciso “assumir”. Mas só é possível “assumir” quando nos fundamentamos numa experiência concreta, numa realidade grande e simples.
Olhando para a Carta Apostólica Novo Millennio Ineunte, um outro aspecto ainda nos é apresentado: “é muito importante que tudo o que com a ajuda de Deus nos propusermos esteja profundamente radicado na contemplação e na oração. O nosso tempo é vivido em contínuo movimento que muitas vezes chega à agitação, caindo-se facilmente no risco de ‘fazer por fazer’. Há que se resistir a esta tentação, procurando o ‘ser’ acima do ‘fazer’. A tal propósito, recordemos a censura de Jesus a Marta: ‘Andas inquieta e perturbada com muitas coisas; mas uma só é necessária’ (Lc 10, 41-42).” (Novo Millennio Ineunte, n. 15).

A espiritualidade atual, para o nosso tempo, é bastante exigente. Os homens de hoje estão cheios de idéias e teorias, não precisam de mais uma. Eles precisam de práticas de vida, de atitudes bem concretas de acolhida, amor, serviço. Mas isso não basta é preciso que exista uma raiz profunda para tudo isso: uma comunhão forte com Jesus. O “ser” é o que importa de fato.
Aqui convém citar as palavras de João Paulo II, mais uma vez: “os homens do nosso tempo, talvez sem se darem conta, pedem aos crentes de hoje não só que lhes ‘falem’ de Cristo, mas também que de certa forma lho façam ‘ver’. E não é porventura a missão da Igreja refletir a luz de Cristo em cada época da historia, e por conseguinte fazer resplandecer o seu rosto também diante das gerações do novo milênio? Mas o nosso testemunho seria excessivamente pobre se não fôssemos primeiro contemplativos do seu rosto...” (Novo Millennio Ineunte, n. 16).
Qual é o ideal, a referência forte e o modelo para o nosso trabalho vocacional? A pessoa de Jesus! Nele nós encontramos toda a referência para o nosso serviço.

4. Espiritualidade Cristã

No tempo em que vivemos, está na hora de assumirmos uma espiritualidade autenticamente cristã. “De fato, por espiritualidade entende-se um estilo e forma de vida conformes às exigências cristãs. Espiritualidade é ‘vida em Cristo’ e ‘no Espírito’, que se aceita na fé, se exprime no amor e, repleta de esperança, se traduz na vida cotidiana da comunidade eclesial. Neste sentido, por espiritualidade entende-se, não uma parte da vida, mas a vida inteira guiada pelo Espírito Santo.” (Ecclesia in America, n. 29).

É importante salientar que “a espiritualidade ocupa um lugar de primazia dentro da animação vocacional. Ela é a seiva que alimenta e vitaliza toda e qualquer atividade vocacional; é o eixo que movimenta as ações e dinamiza a vida dos animadores e animadoras, dos vocacionados e vocacionadas.” (Doc Final do 2º Congresso Vocacional do Brasil, n. 29).

A Espiritualidade do Animador Vocacional (Pe. Evandro)

5. A Espiritualidade do Animador Vocacional

Tento por base as indicações apresentadas até agora, temos chão para falar da “espiritualidade do seguimento de Jesus”. Esta é a espiritualidade do agente vocacional. Jesus é aquele que quer levar todos à vida plena e quem quer levar as pessoas à vida plena é chamado a seguir Jesus.
A “espiritualidade do seguimento de Jesus” começa a partir de um ENCONTRO. O encontro com Cristo plenifica a vida das pessoas e as ajuda a perseverar na vocação e na missão. “Mas, para que se dê este encontro, é indispensável reconhecê-lo na história, nas escrituras, nos desafios do mundo e no próximo, especialmente nos sofredores, como os quais Ele se identificou. Celebramos este reconhecimento na Eucaristia, centro e síntese de todas as presenças do Senhor entre nós.” (Doc Final do 2º Congresso Vocacional do Brasil, n. 22). Este encontro também é concreto na comunidade e nos acontecimentos da vida.

“A espiritualidade do seguimento de Jesus é uma espiritualidade da eleição, através da qual a pessoa sente-se amada e querida pela Santíssima Trindade, nascendo dessa experiência uma grande paixão por Deus e pela humanidade. Do encantamento brota o amor, o testemunho fascinante, a felicidade e a fidelidade pela opção feita e, consequentemente, a capacidade de partilhar gratuitamente os dons recebidos pessoalmente e na comunidade.” (Doc Final do 2º Congresso Vocacional do Brasil, n. 23). Quando se fala da Vocação e o Mistério da Santíssima Trindade, não podemos deixar de valorizar duas maneiras de ser: comunhão e diversidade.
A espiritualidade do seguimento de Jesus é uma realidade conflituosa (cf Lc 12,49-53), “pois a opção por Jesus e pelo Reino comporta incompreensões, perseguições e sofrimentos. Mas é também no conflito que se dá a configuração com Jesus, o Filho de Deus que se encarnou.” (Doc Final do 2º Congresso Vocacional do Brasil, n. 24).

A espiritualidade do seguimento de Jesus “precisa ser inculturada. Só assim ela será acolhedora e permitirá aos animadores vocacionais apresentar a pessoa e a mensagem de Jesus aos que estão nas “praças”. A inculturação possibilita uma presença afetiva e efetiva no meio dos vocacionados e vocacionadas. E isso contribui para que estes encontrem sua própria dignidade e tenham condições de fazer escolhas livres, conscientes e responsáveis.” (Doc Final do 2º Congresso Vocacional do Brasil, n. 25).

A espiritualidade do seguimento de Jesus leva em conta a dimensão social do compromisso cristão (cf. Ecclesia in America, n. 29). A misericórdia de Deus pelos simples e pobres não pode ficar distante da vida do animador vocacional. Deus se dá a conhecer e pede um sim de todos, também dos mais humildes, abandonados e sofredores.

A espiritualidade do seguimento de Jesus dá um destaque particular a Maria. “Ela, como afirmou o Concílio Vaticano II, ‘é o tipo da Igreja na ordem da fé, da caridade e da perfeita união com Cristo’(LG, 63). Por esta razão, aquela que acolheu com um Sim perfeito o convite do Pai, se torna um modelo e um exemplo para a Igreja e para cada vocacionado e vocacionada... Maria é exemplo de acolhimento da vontade divina, da relação com a Trindade e da disponibilidade para o serviço. Ela ajuda também a permanecer de pé, a não retroceder, mesmo quando a resposta ao chamado e o amor à Igreja comportarem cruz e sofrimento.” (Texto Base do 2º Cong. Vocacional do Brasil, n. 118).

A espiritualidade do seguimento de Jesus “se alimenta de momentos profundos de oração, a exemplo de Jesus que se retirava na montanha para rezar” (Doc Final do 2º Congresso Vocacional do Brasil, n. 29). “Entre os elementos de espiritualidade que todo cristão deve fazer próprios, ressalta a oração. Esta o levara, aos poucos, a ver a realidade com um olhar contemplativo, que lhe permitira reconhecer a Deus em cada instante e em todas as coisas; contemplá-lo em cada pessoa; procurar cumprir sua vontade nos acontecimentos. A oração, tanto pessoal como litúrgica, é dever de cada cristão. Jesus, evangelho vivo do Pai, nos avisa que sem ele nada podemos fazer (cf Jo 15, 5)” (Ecclesia in America, n. 29). “Só a experiência do silencio e da oração oferece o ambiente adequado para amadurecer e desenvolver-se um conhecimento mais verdadeiro, unido e coerente daquele mistério cuja expressão culminante aparece na solene proclamação do evangelista João: ‘E o Verbo se fez carne e habitou no meio de nós...’(Jo 1,14).” (Novo Millennio Ineunte, n. 20). A oração “é o segredo de um cristianismo verdadeiramente vital, sem motivos para temer o futuro....” (Novo Millennio Ineunte, n. 33).
A espiritualidade do seguimento de Jesus alimenta-se, sobretudo, por uma constante vida sacramental, pois os sacramentos são fonte e raiz inexaurível da graça de Deus necessária para amparar o fiel na sua peregrinação terrena. A vida sacramental não pode tornar-se uma prática rotineira (Ecclesia in América, n. 29).

A espiritualidade do seguimento de Jesus se fundamenta na Palavra. Só a Palavra “deverá ser capaz de dar sentido à existência humana, ajudando as pessoas a perceberem os apelos divinos dentro da história, inclusive nos seus aspectos mais sombrios e sofridos.” (Texto Base do 2º Cong. Vocacional do Brasil, n. 117). Deve-se hoje “dar clara prioridade à reflexão piedosa da Sagrada Escritura, por parte de todos os fieis (Lectio Divina)”(Ecclesia in America, n. 31). “A contemplação do rosto de Cristo não pode inspirar-se senão naquilo que se diz dele na Sagrada Escritura, que está, do princípio ao fim, permeada pelo seu mistério...” (Novo Millennio Ineunte, n. 16). “É necessário que a escuta da Palavra se torne um encontro vital” (Novo Millennio Ineunte, n. 39).

A espiritualidade do seguimento de Jesus contempla duas dimensões: “a mística e a ascese. Através da experiência mística a pessoa é envolvida pelo mistério Daquele que nos amou primeiro (cf 1 Jo 4,10) e que, pelo seu Espírito, habita em cada coração humano (cf Rm 8,11). Enquanto ascese, a espiritualidade consiste no desejo, na vontade e no esforço de acolher o dom da vocação (cf 2 Pd 1,3-11).” (Texto Base do 2º Cong. Vocacional do Brasil, n. 117).
Seguir Jesus não significa outra coisa do que viver a vida de Jesus, ser seu discípulo. “É Jesus quem elege o discípulo, o chama e o convida a seguí-lo com generosidade, dando a vida como o Mestre (Lc 9,57-62), Jesus ‘separa’ seu eleito ‘do mundo’ para ‘fazê-lo seu’... O discipulado é um modo de ‘ser’e de ‘fazer’gerado pelo encontro com Jesus vivo.”(Santiago Silva Retamales. In. Os Discípulos de Jesus: Relatos e imagens de Vocação e missão na Bíblia, 2007. p. 130).
Exige-se do discípulo de Jesus, uma opção radical e pessoal por ele. Opção esta que muda toda a vida.

Esp. Anim. Voc. - Rompimentos e Práticas Necessárias (Pe. Evandro)

6. Rompimentos necessários

A Espiritualidade do Seguimento de Jesus nos dará a força necessária para rompermos com atitudes, costumes e estilos de vida não mais condizentes com a nova fisionomia da animação vocacional:

- o isolamento entre os diversos sujeitos da evangelização
- queima de etapas no acompanhamento vocacional
- falta de acompanhamento que contemple as varias dimensões do itinerário e que apresente a diversidade de opções de vida
- falta de convicção e entusiasmo dos animadores e animadores
- falta de liberação de pessoas para o SAV
- individualismo e egoísmo que geram disputas e fragilizam a animação vocacional
- visão piramidal de Igreja, levando a desconsiderar o valor e o significado da vocação dos cristãos leigos e leigas e da vida consagrada
- compreensão restrita da animação vocacional, confundindo-a como recrutamento de candidatos às casas de formação e seminários
- pouco investimento financeiro para a Animação Vocacional. (cf. Doc Final do 2º Congresso Vocacional do Brasil, n. 28).

7. Práticas necessárias

Práticas significativas decorrentes da Espiritualidade do Animador Vocacional, que é de seguimento de Jesus:
- incentivo à oração pelas vocações
- adesão à eclesiologia de comunhão
- clareza acerca do lugar e da missão das diversas vocações, ministérios e serviços
- compromisso com uma Igreja ministerial, onde não haja lugar para divisões, competição, proselitismo e recrutamento fácil de vocações
- formação de equipes que realizem animação vocacional contínua e permanente
- respeito pelo itinerário dos vocacionados e vocacionadas. (cf Doc Final do 2º Congresso Vocacional do Brasil, n. 27).

Esp. Anim. Vocacional - Conclusão (Pe. Evandro)

8. Concluindo

O que se espera, enfim, de um discípulo do Senhor? O que se espera de alguém que assumiu a “espiritualidade do seguimento de Jesus”? O que se espera de um animador vocacional?
Poderíamos apresentar muitos elementos, mas preferimos citar Retamales:

“- Escutar e praticar a Palavra de Jesus
- celebrar a Eucaristia como ‘fonte e epifania da comunhão’e ‘princípio e projeto de missão’
- viver a fé em comunidade
- contemplar Jesus nos pobres e ser solidário com eles
- descobrir a presença de Deus na historia e nos acontecimentos da vida
- providenciar para que tudo seja apto para o senhorio de Jesus, ‘princípio e fim’da história. (Ap 21,6).” (Santiago Silva Retamales. In. Os Discípulos de Jesus: Relatos e imagens de Vocação e missão na Bíblia, 2007. p. 132).

Não esqueçamos ainda o que nos dizia João Paulo II:

“Seguí-lo implica viver como ele viveu, aceitar a sua mensagem, assumir como próprios os seus critérios, abraçar o seu destino, partilhar o seu projeto que é o desígnio do Pai: convidar a todos para a comunhão trinitária e para a comunhão com os irmãos numa sociedade justa e solidária.” (Ecclesia in America, n. 68).

Se ainda nos perguntarmos sobre um programa de ação bem concreto, podemos citar João Paulo II outra vez: “O programa já existe: é o mesmo de sempre, expresso no Evangelho e na Tradição viva. Concentra-se, em última análise, no próprio Cristo, que temos de conhecer, amar, imitar, para nele viver a vida trinitária e com ele transformar a historia ate a sua plenitude na Jerusalém celeste.” (Novo Millennio Ineunte, n. 29).

Surge um grande desejo no coração daquele que fez a experiência de Jesus: levar aos outros a novidade do encontro que aconteceu com ele. Isso tudo para que também estes possam viver a mesma experiência que vivemos com ele. Aqui está o fundamental da espiritualidade do animador vocacional.

Esperamos que estas indicações sejam concretas para o nosso dia a dia e nos ajudem a viver como cristãos mais inteiros, mais dedicados, mais próximos de Jesus Vivo.

Pe Evandro Luis Braun,
Agosto de 2007.

Bibliografia Consultada

1. CNBB. Ide Também vós para a minha vinha! (Mt 20,4). Temáticas do 2º Congresso Vocacional. Estudos da CNBB 90. Paulus, 2005. Inclui o Documento Final do Congresso.
2. CNBB. Texto Base do Segundo Congresso Vocacional do Brasil. 2004. 58p.3. RETAMALES, Santiago Silva. Os Discípulos de Jesus: Relatos e Imagens de Vocação e Missão na Bíblia. Coleção Quinta Conferencia, Bíblia. Paulinas; Paulus. 2007. 139p.