domingo, 19 de agosto de 2007

Esp. Anim. Voc. - Dizer, Fazer, Ser; e a Espiritualidade Cristã (Pe. Evandro)

3. Dizer, Fazer e Ser

No Evangelho (Mt 16,13-23), a experiência de Pedro também tantas vezes é ícone da nossa. Diante da pergunta: “E vós, quem dizeis que eu sou?”, Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus Vivo”. Por esta resposta Jesus o chamou de feliz e prometeu construir a Igreja sobre ele e lhe entregou as chaves do Reino. Pedro professa a fé em Jesus, diz o que tinha de dizer. Logo em seguida, Jesus mostra aos seus a realidade pela qual deveria passar: sofrimento, morte e ressurreição. Pedro, diante disso, repreende Jesus: “Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isto nunca te aconteça!” Jesus voltou-se para Pedro e disse: “Vai para longe, satanás! Tu és para mim uma pedra de tropeço, porque não pensas as coisas de Deus, mas, sim, as coisas dos homens!” Pedro não é capaz, ainda, de assumir a plenitude da revelação. Isso era custoso demais para o discípulo.

Apontamos este texto para apresentar um elemento bem concreto para nós, animadores vocacionais:

Como Pedro, tantas vezes dizemos coisas bonitas, verdadeiras e profundas. Muitas vezes somos capazes de apresentar idéias e apontar a realidade das coisas de uma forma surpreendente: “Tu és o Messias, o Filho do Deus Vivo!” Porém, na hora da verdade, da dor, da angústia, do assumir todas as conseqüências, somos tantas vezes incapazes. Parece que existe uma distância entre “dizer” e “assumir”.

No serviço vocacional não basta “dizer”, é preciso “assumir”. Mas só é possível “assumir” quando nos fundamentamos numa experiência concreta, numa realidade grande e simples.
Olhando para a Carta Apostólica Novo Millennio Ineunte, um outro aspecto ainda nos é apresentado: “é muito importante que tudo o que com a ajuda de Deus nos propusermos esteja profundamente radicado na contemplação e na oração. O nosso tempo é vivido em contínuo movimento que muitas vezes chega à agitação, caindo-se facilmente no risco de ‘fazer por fazer’. Há que se resistir a esta tentação, procurando o ‘ser’ acima do ‘fazer’. A tal propósito, recordemos a censura de Jesus a Marta: ‘Andas inquieta e perturbada com muitas coisas; mas uma só é necessária’ (Lc 10, 41-42).” (Novo Millennio Ineunte, n. 15).

A espiritualidade atual, para o nosso tempo, é bastante exigente. Os homens de hoje estão cheios de idéias e teorias, não precisam de mais uma. Eles precisam de práticas de vida, de atitudes bem concretas de acolhida, amor, serviço. Mas isso não basta é preciso que exista uma raiz profunda para tudo isso: uma comunhão forte com Jesus. O “ser” é o que importa de fato.
Aqui convém citar as palavras de João Paulo II, mais uma vez: “os homens do nosso tempo, talvez sem se darem conta, pedem aos crentes de hoje não só que lhes ‘falem’ de Cristo, mas também que de certa forma lho façam ‘ver’. E não é porventura a missão da Igreja refletir a luz de Cristo em cada época da historia, e por conseguinte fazer resplandecer o seu rosto também diante das gerações do novo milênio? Mas o nosso testemunho seria excessivamente pobre se não fôssemos primeiro contemplativos do seu rosto...” (Novo Millennio Ineunte, n. 16).
Qual é o ideal, a referência forte e o modelo para o nosso trabalho vocacional? A pessoa de Jesus! Nele nós encontramos toda a referência para o nosso serviço.

4. Espiritualidade Cristã

No tempo em que vivemos, está na hora de assumirmos uma espiritualidade autenticamente cristã. “De fato, por espiritualidade entende-se um estilo e forma de vida conformes às exigências cristãs. Espiritualidade é ‘vida em Cristo’ e ‘no Espírito’, que se aceita na fé, se exprime no amor e, repleta de esperança, se traduz na vida cotidiana da comunidade eclesial. Neste sentido, por espiritualidade entende-se, não uma parte da vida, mas a vida inteira guiada pelo Espírito Santo.” (Ecclesia in America, n. 29).

É importante salientar que “a espiritualidade ocupa um lugar de primazia dentro da animação vocacional. Ela é a seiva que alimenta e vitaliza toda e qualquer atividade vocacional; é o eixo que movimenta as ações e dinamiza a vida dos animadores e animadoras, dos vocacionados e vocacionadas.” (Doc Final do 2º Congresso Vocacional do Brasil, n. 29).

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